
Ouvimos com frequência que partos humanizados só são possíveis a mulheres que podem pagar por uma equipe particular, voltada especialmente a essa linha de atendimento…
Bem, no cenário obstétrico brasileiro, realmente não é fácil encontrar profissionais e hospitais que atendem com práticas humanizadas.
Nem no SUS (Sistema Único de Saúde) e nem no Setor Suplementar (convênios médicos). Sabemos também que levam anos para uma cultura ser mudada, mesmo com todas as evidências científicas e recomendações da OMS.
Mas se cada gestante começar a receber informações adequadas (as doulas são grandes aliadas também nesse sentido) e adotar algumas práticas que expressem “oficialmente” seus desejos, alguma coisa pode vir a mudar.
Reuni então algumas dicas que podem ajudar você a ter seus desejos respeitados na hora do seu parto.
E para isso, o Plano de Parto pode ser um grande aliado.
MAS O QUE É UM PLANO DE PARTO?
É um documento em que a gestante expõe seus desejos, e fala claramente a quais procedimentos ela não quer ser submetida de forma alguma, e quais ela aceita desde que haja necessidade comprovada. VEJA MODELO AQUI.
SUS
Para quem vai ter o seu filho com médicos plantonistas, seja pelo SUS ou pelo convênio, aí vão algumas dicas:
– Liste claramente em seu Plano de Parto os procedimentos a que você não quer ser submetida de jeito nenhum: jejum, tricotomia (raspagem dos pelos), enteroclisma (lavagem intestinal), acesso venoso de rotina, manobra de Kristeller e episiotomia;
– Liste separadamente os procedimentos que você aceita, desde que tenham necessidade comprovada: amniotomia (ruptura artificial da bolsa), ocitocina, fórceps ou vácuo extrator, e cesárea com indicações.
Com o Plano de Parto pronto, reúna o máximo de mulheres possível. Geralmente quem faz o pré-natal junta no SUS é designada para o parto no mesmo hospital, então vale ficar de olho para formar um grupo. Ou mesmo sozinha, marque uma reunião com o Obstetra Chefe e a Enfermeira-Chefe do hospital onde será o parto. Expresse seus desejos, apresente seu Plano de Parto. Esse é um caminho, porque
“SE UMA, DUAS, 10, 100 MULHERES COMEÇAM A PEDIR UM ATENDIMENTO DIFERENTE, É POSSÍVEL QUE A MATERNIDADE COMECE A SE REVER.”
Lembrando que pelo SUS é possível ter o parto tanto em hospitais como em casas de parto, dependendo da cidade que se está.
É importante se informar sobre esses modelos antecipadamente.
Setor Suplementar (Convênio)
Para quem tem convênio, valem as mesmas dicas.
Faça seu Plano de Parto e apresente ao hospital com antecedência – sozinha ou em grupo. Tente escolher uma maternidade que já demonstre certa abertura. Vale lembrar também que é possível solicitar junto ao seu convênio o índice de partos normais e cesáreas de cada médico. Isso pode ser fundamental para sua escolha. Lembrando que a recomendação da OMS é que o índice de cesáreas não ultrapasse 20%.
Equipe particular
Agora, se você optou por uma equipe particular, a dica é priorizar a contratação da equipe completa, e não de uma equipe mista (parte dos profissionais particulares e parte do hospital). Isso garante que todos os profissionais atuem na mesma linha, priorizando um atendimento humanizado para mãe e bebê no pré-natal, parto e pós-parto.
E mesmo quando se fala de uma equipe particular, há modelos que podem ser formatados:
– Parto hospitalar com equipe completa; – Parto domiciliar com Enfermeiras obstetras, tendo o(a) Obstretra como backup.
A doula pode ajudar a encontrar todos esses caminhos! Elas são grandes aliadas desde a gestação até o pós parto.
Apenas para concluir, seguir esses passos não garantem que o parto terá uma assistência humanizada. Porém, podem ajudar na condução deste, além de construir um novo caminho e consciência aos profissionais e instituições.
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